quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Nota do PSOL São Gonçalo contra a ocupação de cargos no governo Lula

O PSOL São Gonçalo reuniu sua militância na noite da última segunda-feira (12/12) e conforme orientação da direção nacional do partido, tratou do polêmico tema que será fruto de discussão central no próximo Diretório Nacional do PSOL, que ocorrerá no próximo dia 17/12: a entrada do PSOL no governo Lula com a ocupação de cargos.

A plenária aberta do PSOL São Gonçalo é a instância máxima decisória do partido no município e de forma soberana, por ampla maioria, decidiu que o Diretório Municipal do PSOL São Gonçalo se posicionará contrário a entrada do partido no governo Lula.

Tal decisão é baseada na necessidade de manter o PSOL como um partido independente, crítico e que mantenha o seu programa radical em defesa da classe trabalhadora e do socialismo.

A não aceitação de cargos no governo Lula, não significa um posicionamento para que o partido seja oposição. Ao contrário, entendemos que toda a medida progressista que vá em direção do benefício dos trabalhadores, deve ser apoiada e reivindicada pelo PSOL.

Assim, o Diretório Municipal do PSOL São Gonçalo, referendado por sua instância máxima, recomenda que no próximo dia 17/12, o DN do PSOL vete a participação através de cargos no governo Lula.

Diretório Municipal do PSOL São Gonçalo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Catatau, presente!

Afonso Aguena, o Catatau, era um militante especial. Nos deixou ontem, aos 60 anos. Extremamente dedicado, corajoso, estudioso e prático. Um dirigente com sentido da disputa política, sempre buscando ocupar espaço. Mas o espaço pelo qual lutava não era para ter um lugar individual, mas para que a organização em que ele estava integrando em dado momento crescesse e se fortalecesse. Era um militante de organização e de partido. As organizações que ele dirigiu foram a Convergência Socialista (CS), o PSTU e a Resistência, corrente interna do PSOL.

Fui camarada de Catatau durante a CS, de 1985, quando ingressei, até 1992, quando saí da CS. Em 2003, impulsionei a fundação do PSOL mas nunca deixei de observar o que estava pensando e fazendo o PSTU. Um dos motivos que me fazia não tirar o olho desta organização trotskista era o papel dirigente que Catatau exercia nela. Foi uma alegria quando Catatau resolveu dirigir uma fração que se incorporou ao PSOL. Estávamos tentando nos aproximar mais, e a morte trágica desse importante líder abortou esse caminho, que certamente nos levaria a um novo encontro.

Nunca as palavras serão suficientes para definir o quanto lamento. Lembro bem de uma das conversas que tive com Catatau. Era 2013, no calor das mobilizações. Em nome do MES, estive em São Paulo, na sede do PSTU. A reunião foi com Eduardo Almeida e Zé María. Estava também Zequinha. Catatau não estava na tarefa pelo PSTU. Mas nos encontramos na saída. Conversamos um pouco. Como sempre, ele não perdia tempo. Sabia que ele não estava muito satisfeito com a política do PSTU. Mas ele era também disciplinado. Não era político de se queixar. Naquela ocasião, em que buscávamos o PSTU para discutir ações comuns, ele me disse: “Cuide deste menino, ele é muito bom, especial. Entre os jovens, não há um tão bom quanto ele”. Catatau se referia a Israel Dutra, que estava comigo naquela visita e já começava a ser um dos principais dirigentes do MES. Hoje, Israel é secretário-geral do PSOL e do Bureau da IV Internacional. Catatau via longe. 

Alguns anos depois, ele também me alertava: “Estão cuidando bem do velho?”. Se referia a Pedro Fuentes, veterano militante trotskista argentino/brasileiro que foi fundador do MES e ativista desde os anos 1960. Pedro segue bem cuidado e defendido com toda a força do MES. E todos lamentamos muito a tua partida tão cedo, Catatau! A morte de Catatau é também uma derrota do MES. E por ele também seguiremos. Com a firmeza que ele também nos ensinou a ter.

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Roberto Robaina é dirigente do PSOL e do Movimento Esquerda Socialista (MES), editor da Revista Movimento e vereador de Porto Alegre.