por Marcio Ornelas
Este não é um texto de conjuntura. Aqui o leitor não
encontrará um balanço aprofundado sobre o governo municipal, ou uma análise
ampla sobre a crise econômica e política que acomete nosso país e, que
inevitavelmente, traz consequências para o estado do Rio de Janeiro e para
nossa cidade. Esse é um texto para reavivar a memória da população, com um
objetivo central muito claro: contrapor o mundo da fantasia criado por Neilton
Mulim durante a campanha eleitoral à realidade caótica em que se encontra São
Gonçalo após dois anos da sua administração. Em última instância, é uma
denúncia ao estelionato eleitoral enquanto método utilizado para se ganhar
eleições e enganar o povo. De antemão, peço desculpas pelas inevitáveis
ausências, as falsas promessas amontoaram-se com tamanha velocidade, que
destrincha-las em sua totalidade converteu-se numa tarefa absolutamente inglória.
Creio, ao menos, ter conseguido enumerar as mais notórias. Segue a lista:
1.
Passagem a R$ 1,50 – Carro chefe de sua campanha no segundo
turno da eleição e provavelmente grande responsável por sua vitória, Neilton
Mulim prometeu abaixar a tarifa dos ônibus para R$ 1,50. Aconteceu justamente o
contrário: em dois anos de gestão a passagem aumentou de R$ 2,60 para R$ 3,10
(e só não aumentou mais por que a população se mobilizou e barrou um dos
aumentos). A saída mequetrefe que encontrou foi colocar cerca de 100 vans para
circularam na cidade cobrando R$ 1,50 a passagem, preço que não é válido para
finais de semanas e feriados (esse valor já foi reajustado para R$ 2,10).
2.
Criação da companhia municipal de limpeza urbana – Uma
proposta boa, retirada diretamente do programa do PSOL, que melhoraria a
qualidade do serviço de limpeza urbana e ainda faria a prefeitura economizar
cerca de R$ 100 milhões. Mas o prefeito jogou sua promessa no lixo,
recontratando a mesma empresa que prestava um péssimo serviço na gestão de
Aparecida Panisset. O resultado é desastroso, afinal, passados mais de dois
anos de governo Mulim, vários bairros sofrem com a ausência regular de coleta
de lixo e com a precariedade do serviço.
3.
Transparência nos gastos públicos – O obscurantismo nos
gastos públicos que marcou os oito anos do governo Panisset (que teve até seus
direitos políticos cassados), seria superado com transparência na prestação de
contas da nova prefeitura. Mas a realidade é que o prefeito Neilton Mulim foi
condenado pelo Tribunal de Contas do Estado por um edital repleto de
irregularidades, dentre as quais constava um sobrepreço na ordem de R$ 16
milhões, para a contratação da prestadora de serviços de limpeza urbana. Os
gastos absurdos e não detalhados para o carnaval da cidade, lançam ainda mais
dúvidas sobre a transparência dessa administração.
4.
Valorização dos servidores públicos – Em apenas dois anos de
governo Mulim, quatro importantes categorias do funcionalismo público fizeram
paralisações ou greves: profissionais da educação, funcionários administrativos
da prefeitura, agentes comunitários de saúde e guardas municipais.
Reivindicavam melhores salários e condições dignas de trabalho. A prefeitura
agiu para desarticular as mobilizações e dificultou o diálogo até onde foi
possível, com a maior parte das demandas das categorias não sendo atendidas.
Postura muito distante da benevolência vista logo no seu primeiro mês de
governo, quando reajustou os salários dos subsecretários de
aproximadamente R$ 2.800,00 para R$ 9.200,00.
5. Melhoria do sistema de saúde – A saúde em São Gonçalo beira o colapso completo. Consegue
estar ainda mais desastrosa do que nos governos anteriores. Faltam médicos,
remédios e equipamentos nas unidades de saúde municipais. O sistema de triagem
é muito lento, aumentando consideravelmente o tempo de espera para o
atendimento. A promessa de postos de saúde 24 horas, bem equipados e com
médicos para desafogar as emergências, não passa de uma triste desilusão.
6. Educação pública de qualidade – Para sintetizar o estado crítico da educação municipal: em
pouco mais de dois anos de governo Mulim, quatro secretários já ocuparam a
pasta da educação. Escolas caindo aos pedaços, profissionais de educação mal
remunerados, salas superlotadas, materiais didáticos em falta, merenda de
péssima qualidade. Definitivamente, apostar no futuro dos nossos jovens não é
uma prioridade dessa gestão.
>>>>>>>>>> Menção Desonrosa <<<<<<<<<<
7.
Linha 3 do metrô – A construção da linha 3 do metrô é uma
prerrogativa do governo estadual. Mas durante a campanha eleitoral, o atual
prefeito considerava a construção da linha 3 como elemento fundamental para a
melhoria do transporte público na cidade, afirmando que iria buscar o diálogo,
na tentativa de somar forças para finalmente tirar essa obra do papel. O
governador Pezão anunciou a substituição da construção da linha 3 do metrô pelo
BRT, e o representante máximo da nossa cidade, não deu sequer uma declaração
contrária à mais esse ataque aos interesses da população gonçalense.
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Marcio Ornelas, 25 anos, professor de geografia. Militante do coletivo Juntos! e vice-presidente do PSOL São Gonçalo/RJ.