por Marcio Ornelas
13/06 /13 Av. Rio Branco |
Mal chegamos à metade do mês, mas
já podemos dizer com toda a certeza: junho de 2013 entrou para a história. De
norte a sul desse país, somam-se dezenas de protestos contra o aumento das passagens.
É o belo reencontro do povo com as ruas, com a sua capacidade de transformação
e de construir uma sociedade mais justa.
Mas todo esse movimento pelo
Brasil inteiro, por causa de 15, 20 ou 25 centavos? Depois de sucessivas
semanas tendo dezenas de atos seguidos, fica mais do que evidente que a insatisfação
coletiva não se reduz ao preço da passagem. Existe um desgaste amplo com a
piora das condições de vida, com a precarização crescente de serviços públicos essenciais
(saúde, educação, segurança e transporte), com a corrupção que assola as
instituições políticas brasileiras, o escárnio dos governantes com a população,
o desperdício contínuo de dinheiro público. Enfim, são muitas as questões que
potencializam a insatisfação geral. E não é de hoje que ensaiamos uma volta
contundente às ruas, o momento de efervescência política pela qual passa o Rio
de Janeiro nesses últimos dois anos, não me deixa mentir. Por aqui vivenciamos
nesse período uma forte mobilização em defesa dos bombeiros, causa que arrastou
milhares de pessoas para as ruas; movimento Primavera Carioca encabeçado pela
candidatura de Marcelo Freixo a prefeitura do Rio de Janeiro, colocou os jovens
em contato com a rua em proporções que há muito tempo não víamos; ou ainda as
importantes lutas em defesa da Aldeia Maracanã e contra a privatização do
Maracanã, são alguns dos exemplos sólidos. E assim foi em outras partes do
país.
Só que nesse Junho de 2013 toda a
movimentação da população alcançou o seu ápice, a luta contra o aumento das
passagens se transformou na gota d’ água em relação aos sucessivos absurdos que
suportamos cotidianamente. Ao fundo de toda essa insatisfação uma pergunta
inevitável: por que mais uma vez os interesses públicos estão sendo submetidos
aos interesses privados? Não há resposta plausível. O movimento se organizou,
cresceu rapidamente e a pauta se nacionalizou com uma intensidade poucas vezes
vista no Brasil. Logo vieram as primeiras vitórias, Porto Alegre e Goiânia
tiveram seus aumentos revogados, graças à atuação implacável da população nas
ruas. A redução da tarifa tem o seu peso real, mas simbolicamente é inestimável,
provou-se que a vitória não é um sonho juvenil. A entrega absoluta da juventude
em especial, foi o combustível necessário para impulsionar uma manifestação com
ainda mais força. Só no último ato mais de 15 mil pessoas tomaram as avenidas
de São Paulo. No mesmo dia, no Rio de Janeiro tivemos mais de 10 mil pessoas
nas ruas. Os atos se multiplicam por outras capitais do país e suas regiões
metropolitanas.
Tamanha força assusta mesmo. A
grande mídia não poupou esforços para classificar os manifestantes como
vândalos e baderneiros, tentando com isso, legitimar a criminosa repressão da
polícia militar. A cobertura tão inverossímil causou revolta na população e o
tiro saiu pela culatra, quanto mais a mídia mentia maiores ficavam as
proporções dos protestos. O jornalismo amador cumpriu um importante papel,
graças as novas tecnologias, pipocaram diversos vídeos na internet que
comprovavam o abuso da força policial e a natureza pacífica do movimento. Mas
não podemos nos enganar, todo esse imenso aparato articulado para reprimir e
condenar os manifestantes, não se justifica por um eventual vidro quebrado,
muro pichado ou para restabelecer o fluxo do trânsito. O que realmente
preocupa é a euforia crescente que toma conta das massas, a crença de que o
poder emana do povo e que a rua é o único caminho da vitória, tudo é muito
perigoso para uma burguesia tão desacostumada a resistência. Eles veem o que
nós também enxergamos, que a luta contra o aumento das passagens, em um pulo, pode
se tornar um questionamento mais amplo que coloque em xeque o paraíso dos
marajás que é o cenário político brasileiro.
Nós reafirmamos o compromisso com
esse movimento e colocamos a necessidade de estendê-lo para as cidades em que
ainda não chegou. Em São Gonçalo o caso é ainda mais particular, afinal, o atual
prefeito teve como carro chefe de sua campanha a promessa de redução do preço da
passagem para R$ 1,50, ao invés disso em seis meses a tarifa aumentou. O
prefeito silenciou-se sobre o tema e não há qualquer indicativo de quando essa
promessa será cumprida. Tamanho descaso com a população não pode ser tolerado.
São Gonçalo tem peso mais do que suficiente para trilhar o caminho que o Brasil
inteiro está indo, a mobilização e a luta nas ruas tem de ser a nossa resposta.
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Marcio Ornelas, 23 anos, professor de geografia. Militante do coletivo Juntos! e secretário de juventude do PSOL São Gonçalo/RJ.
ResponderExcluirJá que a autoridade não respeita o povo, vamos ver se eles pelo menos respeitam a nossa pátria, não se esqueçam de levar sua bandeira do Brasil, para as manifestações...
Espalhem esta mensagem:
Durante as manifestações usem a bandeira brasileira como manto em volta do corpo, pois qualquer ato contra uma pessoa que esteja com a bandeira sobre o corpo é um ato contra a bandeira nacional. Isso é crime conforme o art. 44º do Decreto-lei nº 898, de 29 de setembro de 1969:
"Art. 44. Destruir ou ultrajar a bandeira, emblemas ou símbolos nacionais, quando expostos em lugar público. Pena: detenção, de 2 a 4 anos."
"Os policiais provavelmente não irão respeitar isso devido à seu péssimo treinamento e pouco amor à pátria. Serão feitas fotos com policiais atirando contra a bandeira, atirando spray de pimenta e bombas. Mesmo se nesse momento a imprensa não ficar a nosso favor, vai atrair a atenção da imprensa internacional. Não apenas pelo fato do ataque à bandeira, mas também porque o dever de policias, bombeiros e médicos é servir a sua pátria."