segunda-feira, 20 de julho de 2020

RENDA NACIONAL: 10% (Eles) ficam com 58% 90% (Nós) ficam com 42%

Por Wendell Setubal

 

ESTES números e percentuais mostram por que o Brasil é um dos países mais injustos e de maior desigualdade no mundo. Na verdade, estamos em terceiro lugar, o Oriente Médio em primeiro, a África do Sul em segundo.

PREFIRO dizer que estamos em segundo lugar, porque o Oriente Médio é uma região com vários países, grandes e pequenos. Não sei por que Thomas Piketty agrupou dessa forma. É um economista francês e estes dados estão no livro recém-lançado pela editora Intrínseca, “Capital e Ideologia”, que tem 1.020 páginas (não digitei errado, passa de mil mesmo).

TOMEI a liberdade de juntar os 90%, mas no capítulo em que menciona o Brasil ele divide os 90%: 50% (os mais pobres) ficam com 12%, isso significa metade dos brasileiros! 40% (basicamente a classe média) ficam com 30%.

POR QUE estou massacrando vocês com tantos percentuais? Não só ajuda a explicar por que os pobres morrem mais do vírus, e os negros, a parte mais pobre do povo, também, como elucida o que vem por aí chamado de Reforma Tributária.

PAULO Guedes vai mandar ao Congresso uma Reforma Tributária que é o sonho de consumo da burguesia brasileira: tudo para as empresas, “liberdade” para os trabalhadores passarem a ser uberizados.

A PROPOSTA isenta o empresário de contribuir com INSS e FGTS, diminui o Imposto de Renda da pessoa jurídica, no pressuposto de desonerar os ricos para que eles criem “milhares de empregos”. (Não, não se cogita, por enquanto, de revogar a Lei Áurea.)

QUANTO ao trabalhador, vai ser possível trabalhar por hora, sem tributos; você trabalha três horas pra Fulano, quatro pra Beltrano (contando com a eficiência do nosso sistema de transporte) e, se quiser, mais três pra Sicrano. Afinal, você é um empreendedor!

NO Brasil, tributa-se o consumo, chegando a 30% de taxas e impostos nas contas de luz. Para custear os gastos com a pandemia e a saúde pós-pandemia, Guedes quer cobrar um percentual a cada vez que você pagar algo pelo banco via Internet, durante dois anos, no mínimo.

AQUI aparece o método que explica a melhoria das condições de vida dos mais pobres no período lulista: quem pagou as políticas sociais foi a classe média: entre 2002 e 2015, o 1% mais rico aumentou sua parcela na renda duas vezes mais que a dos 50% mais pobres, segundo Piketty.

PROPOSTA da esquerda: impostos progressivos e taxação dos grandes patrimônios. Impossível? Tão impossível quanto uma ema bicar o presidente no Palácio do Planalto. Pois é...




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