Por Wendell Setubal
ESTES números e percentuais mostram por que o Brasil é um dos países mais injustos e de maior desigualdade no mundo. Na verdade, estamos em terceiro lugar, o Oriente Médio em primeiro, a África do Sul em segundo.
PREFIRO dizer que estamos em segundo lugar, porque o Oriente Médio é uma região com vários países, grandes e pequenos. Não sei por que Thomas Piketty agrupou dessa forma. É um economista francês e estes dados estão no livro recém-lançado pela editora Intrínseca, “Capital e Ideologia”, que tem 1.020 páginas (não digitei errado, passa de mil mesmo).
TOMEI a liberdade de juntar os 90%, mas no capítulo em que menciona o
Brasil ele divide os 90%: 50% (os mais pobres) ficam com 12%, isso significa
metade dos brasileiros! 40% (basicamente a classe média) ficam com 30%.
POR QUE estou massacrando vocês com tantos percentuais? Não só ajuda a
explicar por que os pobres morrem mais do vírus, e os negros, a parte mais
pobre do povo, também, como elucida o que vem por aí chamado de Reforma
Tributária.
PAULO Guedes vai mandar ao Congresso uma Reforma Tributária que é o
sonho de consumo da burguesia brasileira: tudo para as empresas, “liberdade”
para os trabalhadores passarem a ser uberizados.
A PROPOSTA isenta o empresário de contribuir com INSS e FGTS, diminui o
Imposto de Renda da pessoa jurídica, no pressuposto de desonerar os ricos para
que eles criem “milhares de empregos”. (Não, não se cogita, por enquanto, de
revogar a Lei Áurea.)
QUANTO ao trabalhador, vai ser possível trabalhar por hora, sem
tributos; você trabalha três horas pra Fulano, quatro pra Beltrano (contando
com a eficiência do nosso sistema de transporte) e, se quiser, mais três pra
Sicrano. Afinal, você é um empreendedor!
NO Brasil, tributa-se o consumo, chegando a 30% de taxas e impostos nas
contas de luz. Para custear os gastos com a pandemia e a saúde pós-pandemia,
Guedes quer cobrar um percentual a cada vez que você pagar algo pelo banco via
Internet, durante dois anos, no mínimo.
AQUI aparece o método que explica a melhoria das condições de vida dos
mais pobres no período lulista: quem pagou as políticas sociais foi a classe
média: entre 2002 e 2015, o 1% mais rico aumentou sua parcela na renda duas
vezes mais que a dos 50% mais pobres, segundo Piketty.
PROPOSTA da esquerda: impostos progressivos e taxação dos grandes
patrimônios. Impossível? Tão impossível quanto uma ema bicar o presidente no
Palácio do Planalto. Pois é...
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