sábado, 8 de março de 2014

Mais um round da luta de classes

por Prof. Josemar Carvalho &
Marcio Ornelas

Ato dos garis do dia 07/03/2014
Nos últimos meses temos acompanhado mobilizações de diversos setores da classe trabalhadora organizada, contrariando os ideólogos da burguesia, a luta de classes permanece atual e mais viva do que nunca. Vimos no ano passado a forte greve dos professores no Rio de Janeiro. Já no início de 2014 uma série de outras lutas seguiram, com destaque particular aos rodoviários de Porto Alegre e aos trabalhadores do COMPERJ. Agora, a histórica greve dos garis é a consolidação definitiva de que vivemos novos tempos.

Obviamente, não conseguiremos compreender essas lutas se não considerarmos o papel decisivo das jornadas de junho. Em 2013, milhões de pessoas tomaram as ruas do país para exigir inúmeras pautas que melhorariam muito a vida da população. A insatisfação popular dava a tônica do processo, não havia uma saída política clara ao movimento, mas a manifestação da negação ao que estava posto, já representava um avanço significativo em relação a tudo que vivenciamos nesses anos de democracia. Colocar a população no calor das lutas, impor uma derrota à política tradicional e provar a força da mobilização, são aprendizados que fazem o nível de consciência da população dar saltos.

As greves que sucederam junho, já representam um acúmulo desse aprendizado e consequentemente um avanço qualitativo. Justamente por trazerem como elemento central a organização da classe trabalhadora. Como bem disse Lenin: O proletariado, na sua luta pelo poder, não tem outra arma senão a organização.” A organização é a antítese da ideologia capitalista, em outras palavras, é a clara oposição entre a saída coletiva e o caminho ilusório do esforço individual. Isso se manifesta de forma explícita principalmente na greve dos professores e dos rodoviários, onde os passos para fazer a luta avançar eram decididos pelo conjunto dos trabalhadores; as ações diretas radicalizadas continham sentido político e não somente manifestavam uma indignação inócua para o restante do movimento. A luta social não tem que servir para sobrepor uns aos outros, mas ser racionalizada para obter vitórias e assim transformar a realidade objetiva do trabalhador. A organização dá consequência a luta.

A emblemática greve dos garis, agrega outros elementos que são decisivos para enxergar as potencialidades desse ano de 2014. Os garis não possuem uma tradição histórica de greve, tal como são os profissionais da educação, da saúde ou os metalúrgicos. Isso mostra um aumento na disposição para a luta social em outros setores da classe trabalhadora. É um ato de admirável coragem passar por cima do sindicato – entregue aos governistas – e iniciar a greve no período do carnaval. Ainda é possível notar, que mesmo com todo o aparato de reprodução ideológica da burguesia, fortemente empenhado em jogar a opinião pública contra a greve, as pessoas se solidarizaram e o movimento cresceu. Mesmo sob a ameaça de demissão, declaração de ilegalidade emitida pela justiça e sob intensa ação invasiva dos aparelhos coercitivos do Estado, os trabalhadores seguem em frente.

Mais do que destacar a importância dessa greve pela capacidade de mobilização e resistência, precisamos ressaltar que ela indica traços que podem se repetir no decorrer do ano, de certo esgotamento dos métodos tradicionais da burguesia de manutenção da ordem e da estabilidade do regime. É isso que faz de 2014 um ano tão importante para os lutadores do país.

No mais, vamos adotar o coral para mostrar apoio incondicional aos garis e estar lado a lado nessa luta!

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Josemar Carvalho, 38 anos, professor universitário e da rede pública de ensino. Presidente do Diretório Municipal do PSOL de São Gonçalo- RJ.

Marcio Ornelas, 24 anos, professor de geografia. Militante do coletivo Juntos! e secretário de juventude do PSOL São Gonçalo/RJ.

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