terça-feira, 14 de maio de 2013

Abolição da Escravatura e o racismo na atualidade: desafios e dilemas!

por Prof. Josemar Carvalho


Em 13 de maio de 1888, através da Lei Imperial nº 3353, foi sancionada a Lei Áurea, que dava um “fim formal” à escravidão negra no Brasil.

Longe de representar a democracia racial, a Lei assinada pela Princesa Isabel, em data comemorativa ao nascimento de seu bisavô Dom João VI, não colocou o negro em situação de equidade social, politica e econômica no país.

Infelizmente, ainda não temos a igualdade de condições e o racismo no Brasil ainda é uma triste realidade.


Antes de entramos na atualidade, analisaremos brevemente alguns aspectos.


A ÚLTIMA ESCRAVIDÃO NEGRA DA AMÉRICA

A abolição brasileira foi a última entre os países independentes da América. A abolição tardia foi um produto de um conjunto de pactos entre as elites regionais da época, que ao longo dos anos foram negociando um saídas transicionais que envolveram a independência nacional, a unicidade do território e manutenção da monarquia como forma de poder.

Outro aspecto relevante está relacionado a presença trabalho servil efetivo, diversos estudos apontam que menos de 10% da mão de obra do ano da abolição era escrava. Pois os processos anteriores (Lei de Terras -1850; Lei do Ventre Livre-1871; entre outras) já sinalizavam para o fim da escravidão.

AUSÊNCIA DE POLITICA AFIRMATIVAS

A libertação formal do negro não foi acompanhada de um politica de distribuição de terras e apoio efetivo para seu ingresso na sociedade.

As leis no Brasil sempre foram transicionais para atender os interesses da elite branca. A própria Lei de Terras citada anteriormente, foi um pacto que garantiu a estes a construção dos seus latifúndios.

Os negros ao longo dos seus 100 primeiros anos nunca tiveram uma politica de afirmativa.
Do ponto de vista geral, a politica de cotas nas universidades é primeira politica afirmativa de grande porte para o povo negro. Muito tempo se passou e nada foi feito!

O RACISMO CONTINUA ... A LUTA CONTRA ELE TAMBÉM!

Marco Feliciano
Capitão do Mato do Século XXI
Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que os negros recebem 40% a menos do que os não-negros.

O estereótipo social, construído pela mídia, pelos livros didáticos e outros aparelhos de poder colocam o negro na condição de subalterno. A violência policial, o descaso com saúde, com a educação, o transporte e moradia atingem mais diretamente o negro.

A intolerância religiosa e discriminação cultural são expressões claras do racismo. Declarações como do Deputado Marco Feliciano (PSC-SP) de que “os negros são amaldiçoados” revela claramente que os capitães-mato e feitores seguem vivos.

Nós do PSOL somos parte da luta anti-racista e contra qualquer outra forma de preconceito no Brasil e no mundo. Temos a consciência de que o país que possui a segunda maior população negra do Mundo (somente atrás da Nigéria) tem que construir uma reparação social para aqueles que são um pilar central da história.

Compreendemos também que a sociedade capitalista traz no seu gerne, os princípios do racismo como forma de dividir os trabalhadores e justificar a maior exploração. 
Declarações racista do Deputado Marco Feliciano
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Josemar Carvalho, 37 anos, professor universitário e da rede pública de ensino. Presidente do Diretório Municipal do PSOL de São Gonçalo- RJ. 

Um comentário:

  1. Ótima matéria! 125 anos e o negro ainda é esteriotipado como marginal da sociedade...

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