sexta-feira, 17 de maio de 2013

A Culpa é de Quem?

por Matheus Felipe

Nos últimos dias o assunto ''segurança pública'' foi discutido nos principais veículos de comunicação, devido a divulgação do vídeo da operação policial que resultou na morte do traficante “Matemático”. Operação que foi conduzida de maneira irresponsável. É óbvio que o bandido é cruel, é violento e massacra a comunidade carente, mas o Estado não pode competir com o marginal para saber quem tem o maior nível de crueldade.
           
Alguns podem até dizer: “Ah, lá vem o socialista defender bandido”. Não se trata disso, posso estar tendo uma visão radical baseada em Hobbes, mas o Estado está aí para impedir uma catástrofe maior. Ao criticar execuções públicas, não defendo “bandido”, mas sim o pacto que os membros da sociedade fizeram entre si para poderem conviver (minimamente) em harmonia. Cabe ao Estado proteger a população e não ir contra a integridade física da mesma.

Em questão está a função da polícia que é proteger, mas neste caso foi ela própria que pôs em risco a população, atirando de maneira desordenada. Por sorte não houveram vítimas de balas perdidas. Além disso, existe um problema maior que está na responsabilização da ação.

Os agentes estão no "cumprimento do dever", acreditando ser uma ação legítima, e isso me assusta. Quem será responsabilizado? Com certeza não será o secretário de segurança e muito menos o governador.

Esta operação só teve grande visibilidade porque dizia respeito a prisão do "Matemático". E as operações em que são "traficantes comuns", não tão midiatizadas? Esta é a ponta do iceberg. E digo mais, estes policiais que em suas unidades são vistos como heróis, amanhã podem ser os vilões se acertarem um inocente numa operação como essa. O Rio de Janeiro carece de uma política de segurança pública eficaz, onde os policiais sejam valorizados, que se garanta direitos e acima de tudo a integridade física e a dignidade do cidadão de bem.

Me entristece o fato de pessoas (em sua maioria de classe média) que desconhecem a realidade do morador da favela, defenderem essas ações assassinas e justificarem isso com o argumento de que ''guerra é guerra ''. O discurso da guerra legitima ações como essa, justifica as fileiras de corpos de jovens, pardos, negros, pobres (a maioria nas comunidades carentes). E os inocentes que morrem são consequências da “guerra” que vivemos. Não podemos compactuar com a irresponsabilidade. A classe média sente a violência, mas o que chega neles não é nem de perto o que os mais pobres são obrigados a enfrentar cotidianamente.

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Matheus Felipe é estudante de história da UERJ-FFP, militante do PSOL e do coletivo de juventude Juntos!

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