por PH Lima
A funkeira Taty Quebra Barraco |
No último dia 11 de Dezembro (Domingo) dois jovens foram assassinados na
Cidade de Deus pelas balas da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Yuri
Lourenço da Silva (19 anos) e Jean Rodrigues de Jesus (22 anos). Como sempre
acontece, os policiais da UPP que os assassinaram, apresentaram a versão de que
os mesmos estariam armados e atiraram contra a guarnição. Porém, na delegacia,
a única arma apresentada pelos policiais foi uma pistola, o que evidencia, que
no mínimo um dos jovens não estava armado e dificilmente o outro (se portasse
tal pistola) atiraria na policia estando apenas armado com uma arma de baixo
calibre, contra policiais. Mais um caso com fortes indícios de “Auto de
resistência” (quando o policial assassina uma pessoa em legítima defesa e
exercendo sua função legal) forjado, com sinais de extermínio. Essa versão é
apresentada por todos os policiais que matam nas favelas e periferias do Brasil
em operações “de rotina”, que assim como essa, apresentam diversos “lacunas”.
Certamente essa história não teria ganhado nenhuma repercussão na mídia,
caso um dos jovens, Yuri, não fosse filho da funkeira Tati Quebra Barraco.
Porém, ser famosa não impediu que a cantora fosse atacada covardemente por
pessoas racistas e cruéis que invadiram suas redes sociais com ofensas,
xingamentos e com exposições de fotos dos corpos dos adolescentes provavelmente
tiradas e divulgadas pelos próprios policiais. Vermes psicopatas, tanto os que
mataram os meninos e fotografaram como um “prêmio”, quanto os imbecis que foram
na página de uma mãe, que acabou de perder seu filho, ataca-la.
É preciso cobrir de solidariedade Tati e todas as mães negras e
faveladas que perderam seus filhos nas mãos da PM. Essa instituição criminosa
criada para caçar escravos e que segue sendo o maior instrumento do Estado para
prender e matar o povo negro e periférico! É preciso também denunciarmos o
papel da mídia que, na prática impulsionou os ataques a Tati, Será que alguma
reportagem iria relativizar a morte do rapaz, se fosse branco, morador da zona
sul e filho de uma cantora branca de um outro genero musical? Certamente não,
ao contrário, seria motivo de comoção nacional! Qualquer relativização
feita sobre Yuri, é, no mínimo imprópria para o momento.
“Esperamos que a verdade - sobre uma suposta troca de tiros que nunca
ocorreu - chegue à tona e que os responsáveis por registrarem/divulgarem fotos
indevidas/desrespeitosas em um momento como esse sejam punidos.” (Trecho da
nota oficial da cantora)
Como a própria Tati disse em seu post: “A PM tirou um pedaço de mim que
já mais será preenchido. A PM MATOU MEU FILHO. Essa dor nunca irá cicatrizar.”
Infelizmente, Tati não foi a primeira e nem será a última mãe de um jovem negro
assassinado no Brasil. Na verdade, a cada 23 minutos (segundo a CPI de
Assassinato de Jovens feita pelo do Senado) um jovem negro é assassinado no
país. Em São Gonçalo e em todas as periferias do Brasil essa realidade diária,
também é a mesma. É um massacre continuado, onde os jovens negros e pobres são
os únicos alvos.
Os ataques covardes contra Tati, são ataques à todas as mães negras e
pobres que não têm garantido nem mesmo o direito de “velarem” seus filhos em
paz. São ataques à todo povo negro e pobre! Por isso o PSOL São Gonçalo
expressa sua total solidariedade e respeito à Tati e a sua família. Nos
juntamos ao bonde que exige que as investigações sobre o caso se aprofundem e
que não caiam no véu da impunidade como tantos outros “Silvas” vítimas de
Governos Genocidas. Yuri e Jean, Presentes!
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