sexta-feira, 24 de julho de 2015

Porque é necessário abolir a bandeira confederada?

por Jorge Santana

A Guerra de Secessão (1961-1965) se encerrou há mais de 150 anos, porém a ferida ainda está exposta. Em meio à guerra, deputados e senadores aprovaram a 13ª emenda na Constituição dos EUA, que abolia a escravidão. A guerra teve início devido às divergências políticas entre os estados do Sul e do Norte, sendo a principal delas o fim da escravidão. A vitória dos estados do Norte não significou o fim do racismo e da segregação racial, culminando no nascimento do movimento racista chamado de Ku Klux Klan.

O movimento racista nascido ainda no século XIX teve como ápice a primeira metade do século XX, em que chegou a ter 5 milhões de membros. O movimento, além de defender o racismo como política oficial nos estados do Sul, também realizava ações diretas, como linchamentos e enforcamento de negros que não se submetiam às regras impostas pelos brancos. O massacre ocorrido no dia 17 de junho de 2015, na cidade de Charlerston, na Carolina do Sul, em que nove membros negros de uma igreja foram assassinados por um extremista da supremacia branca, levanta o debate de como oódio racial ainda persiste nos Estados Unidos. O autor da chacina na igreja em Charleston, tinha diversas fotos em que ostentava a bandeira confederada.

A bandeira dos estados confederados é a mesma que representou os sulistas na guerra de secessão; no período pós-guerra, tornou-se representativa dos movimentos de supremacia branca, como White Power e a Ku Klux Klan. Devido ao simbolismo que tal bandeira adquiriu, estados do Sul estão aderindo à iniciativa de retirar a bandeira confederada dos prédios e repartições públicas. Na África do Sul pós-apartheid, aboliu-se a antiga bandeira do estado racista e foi construída uma nova, coletivamente, representando o novo estado multirracial.

Não há dúvidas de que a bandeira confederada é, sim, um símbolo racista. A abolição dessa bandeira não será a solução para o ódio racial nos Estados Unidos, contudo será um passo importante para colocar nos museus aqueles símbolos que são representativos daquilo que existe de pior na história dos homens no continente americano.  A abolição desse símbolo racista não é o fim do racismo, e sim, parte do longo caminho para o sepultamento do ódio racial.

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Jorge Santana é professor de história e mestrando em ciências sociais. Secretário de relações institucionais do PSOL São Gonçalo.

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