quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O outro lado do shopping

         por Jorge Santana


Em grande parte do mundo, a modernidade, a urbanização e o progresso têm como indicativos a construção de grandes centros de consumo, mais conhecidos como shoppings-centers. Isso, principalmente, em cidades que estão passando por um rápido processo de desenvolvimento econômico. Ou seja, a construção de centros comerciais modernos e verticais é um indicativo de que a cidade se desenvolve, cresce e se moderniza; e que, seus habitantes elevam (através do crédito), cada vez mais, o seu poder de compra. Aproveitando-se desse novo conceito de desenvolvimento, o poder público anuncia o surgimento de um novo shopping como um marco evolutivo da cidade. Mas será que esse conceito de modernização atende, efetivamente, uma população tão carente de tudo, como a população gonçalense? Há controvérsias.

Há uma década, a cidade de São Gonçalo tinha apenas um desses empreendimentos, e de bem menor porte: o Rodo Shopping. Porém, de lá para cá, já foram construídos mais dois que, de acordo com alguns especialistas, colaboram para o crescimento econômico da nossa cidade, criando novos postos de trabalho; aumentam a oferta de atividades culturais, com a criação de salas de cinema; e, ainda, estruturam e modernizam a mobilidade urbana e a paisagem, pelo menos em torno dessas novas construções.

Mas há contradições. Grande parte desses postos de trabalho são empregos de baixa remuneração e exorbitante carga horária; as sala de cinema expõem filmes holywoodianos que pouco acrescem culturalmente, quase não agregam visão crítica à sua audiência e, ainda, corroboram com o espírito da sociedade capitalista: onde “consumo, logo existo”.

Esse consumo fora de controle gera uma situação ainda mais preocupante quando uma parcela significativa da população não tem renda para consumir os produtos mágicos ofertados nesses “templos modernos de consumo”, e acabam por realizar dívidas astronômicas; um problema inerente a grande parte da população brasileira que, em 2013, ultrapassou o recorde de mais de R$ 1 trilhão de reais em dívidas e, os bancos, mais uma vez, foram os maiores beneficiados por essa farra consumista.

Quando a discussão é referente aos benefícios trazidos por esse novo conceito de desenvolvimento urbano, a questão é ainda mais contraditória e ganha um exemplo  recente na história da urbanização da cidade. No final de 2013, ocorreu a inauguração do famigerado Pátio Alcântara. Um shopping que foi construído onde outrora localizava-se a praça pública Carlos Gianelli. Considerada de grande importância a locomoção dos cidadãos gonçalenses e situada em um importante centro urbano, foi vendida por uma quantia módica. Essa construção polêmica dividiu tanto as opiniões que chegou a ser suspensa temporariamente por uma ação judicial.

Mas não houve jeito. O Pátio Alcântara foi construído e um praça foi destruída, na contra mão da arquitetura moderna que prevê a construção de espaços livres e aberto e não prédios fechados. Contudo, que a nossa cidade possa receber mais teatros, ginásios, escolas, cinemas de bairro e menos shoppings. Perdemos uma praça que é lugar do povo e ganhamos um shopping que é o lugar do consumo, uma área privada e que filtra os seus freqüentadores a partir da sua condição financeira.

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Jorge Santana, 25 anos, professor de História/ mestrando em Sociologia 

6 comentários:

  1. São tais enclaves que constroem um espaço bucólico do consumismo, em grande maioria pobre observam pelas vitrines os produtos com seus valores que não condiz com a realidade do mercado (digo de acordo com o salário do trabalhador). São as mais variadas esferas que podem ser analisadas desde o trabalhador que está ali trabalhando arduamente seja domingos ou feriados até o seu momento de construção com seu planejamento e negociação de compra. E se tratando da sua construção esse monumento construído em meio a um espaço público traz em si negociações obscuras com a prefeitura. Belo texto que me fez refletir.

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  2. Não achei benefício nenhum para nós moradores. O Shopping é pequeno e o espaço para lazer ao ar livre poderia ser aproveitado e não foi...Acho uma enganação e ganância com o espaço ao qual era do povo. Uma pracinha como sempre foi, nasci ali enfrente. E fico triste de ver esse absurdo. e imaginem um Shopping Pátio será que não tinham outro nome. Essa praça era onde passava o bonde...Faz falta. mas o que o dinheiro não faz.né...rsrsr

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  3. Bom eu discordo em partes, porém sim se houvesse uma política decente e a praça fosse realmente atrativa as famílias do Alcântara, porém a realidade é que a praça era um lixo, cheio de mendigos e abandonada pelo poder público, se hoje esta melhor que antes, Certamente... Mas concordo que devemos ter mais espaços livre e isso te de sobra em São Gonçalo que deveria se chamar São Praças Públicas. Minha opinião.

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  4. Esse texto é de uma demagogia FILHA DA PUTA pois, além de conter palavras difíceis de um cidadão, que não tem condições de consumir o que esses shopping's oferecem, está no blog do Psol de São Gonçalo, que tem como presidente, um cara que faz questão de esquecer dos amigos de início de militância, que não tem carro, são apenas professores de escola PÚBLICA e não se comportam como almofadinhas como o mesmo [presidente do diretório do Psol São Gonçalo] e que, odeia se lembrar de quando se reunia com os, ANTIGOS, amigos de militância em carrocinha de angu.

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  5. Concordo com o rapaz acima. Texto altamente tendencioso e parcial.

    O texto não fala que, anteriormente, a praça era uma verdadeira pocilga, um mictório e uma privada ao ar livre, com o aroma do local sendo comparável ao Mercado de Peixe de São Pedro, em Niterói, que fica ao lado da estação de tratamento de esgoto. Estava jogado às traças. Se foi ou não a melhor solução, é OUTRA PAUTA para discutir, mas o fato era que não tinha como deixar do jeito que estava.

    Além disso, o texto coloca os consumidores como coitadinhos que são incapazes de controlar o que gastam (essa parte é verdade) creditando toda a culpa ao capitalismo.

    Embora bem escrito, muito parcial e tendencioso.

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  6. Jorge admiro muito seu vasto conhecimento e facilidade de expor tal pra todos interessados. Te coloco no hall dos grandes professores de história que tive o prazer de conhecer. te desejo tudo de bom e um futuro muito próspero.

    Abração Luiz Otavio Mendonça

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