por Marcio Ornelas
A Ômicron não é uma questão de disputa narrativa ou ideológica, ela é um fato concreto que fez o mundo quebrar o recorde do número de casos, passando de 3 milhões nas últimas 24h. É a variante mais transmissível que tivemos contato até o momento e consequentemente a que mais tem potencial para colapsar os sistemas de saúde. No Brasil a presença da Ômicron também já é perceptível, com 73.617 casos nas últimas 24h, isso significa um aumento de 631% na média comparado com duas semanas atrás. Esses são números incontestes que indicam que o Brasil está iniciando a sua jornada pela nova variante.
Mas há uma situação que nos dá esperança: a vacinação que ultrapassa 75% da população, mostra que o Brasil com sua cultura vacinal consolidada está pronto para se proteger da melhor forma possível contra essa variante. Apesar de toda a propaganda negacionista promovida pelo governo Bolsonaro, a ampla maioria da população optou pela ciência e escolheu se vacinar.
Mas a realidade é que a nova variante está expondo atualmente um novo grupo que nunca esteve integrado ao programa de vacinação: as crianças de 5 a 11 anos de idade. Essa é uma situação nova, pois as primeiras versões do vírus eram praticamente inofensivas para essa faixa etária, mas isso aparentemente vem mudando com as mutações. Reproduzo na íntegra um dado presente no site do médico Dráuzio Varella:
"A covid está entre as dez principais causas de óbito dos 5 aos 11 anos e já tirou mais vidas do que a somatória de todas as mortes provocadas por doenças da infância para as quais existem vacinas."
Isso é verdadeiramente alarmante. Pois as nossas crianças estão inegavelmente adoecendo e morrendo, para uma doença que já existe vacina. Então se faz necessário rapidamente, como tem feito o mundo todo, incluir essa faixa etária no grupo da vacinação. A segurança da vacina para crianças nessa idade já foi atestada por mais de uma dezena de estudos. Nossos vizinhos Rio de Janeiro e Niterói já anunciaram um calendário com todos os detalhes do cronograma da vacinação. Em são Gonçalo paira o silêncio.
Marcio Ornelas, 32 anos, professor de geografia. Presidente do PSOL São Gonçalo e coordenador da Rede Emancipa de Educação Popular.
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