Por Wendell Setubal
1. Ocupar as ruas: Gaviões da Fiel,
MTST, Grupos Antirracistas, jovens e militantes de alguns partidos de esquerda
saíram às ruas em São Paulo com um recado claro: BASTA!
2. Em 2013, a repressão da polícia
paulista e os gastos na construção de estádios para a Copa do Mundo serviram de
combustível para a indignação popular; agora, 2020, a pandemia escancara as
desigualdades sociais, o sucateamento da saúde pública, as UTIs cheias, pessoas
morrendo nos corredores de hospitais por falta de aparelhagem médica adequada.
Para completar a barbárie, incursões da PM em comunidades, matando jovens
negros, e um presidente que debocha, que ironiza a tragédia ou culpa os
governadores e prefeitos, enquanto entope o Ministério da Saúde de militares,
que desconhecem epidemia e até geografia.
3. A classe média pode manter o
isolamento social e assistir a uma overdose de lives ou aprender a fazer pão,
meditação etc.
4. Quem vive na informalidade (40%
dos trabalhadores brasileiros) mora em casas pequenas, com muita gente, sem
saneamento e às vezes água. Se não há isolamento em casa, muito menos dinheiro,
tem que ir pra rua. A epopeia para receber os 600 reais evidenciou um senso
comum: tudo que vem do governo é difícil, quando vem; crédito para a pequena
empresa começa a chegar só agora. As filas quilométricas nas agências da Caixa
trouxeram o auxílio emergencial do governo para o vírus e sua propagação.
5. O racismo da polícia mata jovens
negros; nos bairros populares e comunidades, o vírus mata negros e pardos
pobres, e idosos.
6. A maioria da burguesia só mantém o
apoio a Bolsonaro porque confia que Paulo Guedes vai retirar encargos sociais,
aumentando seus lucros. Tendo de optar ou por direitos ou por emprego, os 15
milhões de desempregados vão optar pela servidão, quer dizer, pelo emprego.
7. Ocupar as ruas não é só fazer
manifestações. Cabe às forças populares ir para a porta das empresas, ir aos
bairros da periferia e combinar as lutas localizadas com as questões mais
gerais: emprego, transporte, saneamento, saúde pública, educação e segurança.
Basta de Bolsonaro.
8. “Os filósofos têm apenas
interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é
TRANSFORMÁ-LO.” (Karl Marx, Teses sobre Feuerbach, Edições Progresso, Lisboa,
1982)
- - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Wendell Setubal é revisor de textos e militante do PSOL São Gonçalo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário