quarta-feira, 22 de abril de 2020

As controvérsias do EAD em meio a pandemia e a crise econômica


Por Thunai Melo
No dia 13/03 a Secretaria de Educação do Estado do RJ (SEEDUC) decretou a suspensão das aulas da Rede Estadual de Ensino devido a pandemia de coronavírus e de forma autoritária, implementou uma plataforma para o ensino à distância o: “Google Classrom”, como uma maneira dos professores e alunos da rede estadual de ensino poderem ter acesso ao material didático e aulas online para a continuidade do calendário escolar, mesmo com todas as contradições do EAD (Ensino À Distância) apresentadas pelo SEPE (Sindicado Estadual dos Profissionais da Educação) e a Comissão de Educação da ALERJ, além do Ministério Público do RJ. As autoridades se negam a ter um debate transparente e honesto sobre essa questão.
A SEEDUC através do Secretário de Educação, Pedro Fernandes, não dialoga com a categoria e a comunidade escolar, a plataforma não consegue atender as demandas dos alunos, principalmente residentes em áreas periféricas e rurais que não possuem viabilidade técnica, aonde a falta de políticas públicas para o tratamento de esgoto, saneamento básico e a violência fazem parte do cotidiano dos alunos.
São por volta de 680 mil alunos distribuídos em 1217 escolas da rede que poderão ser prejudicados pela precariedade do ensino, em um processo de exclusão, aonde a SEEDUC desconsidera todas as denúncias feitas pelos alunos e pelo corpo docente cadastrado na plataforma. As medidas adotadas pelo Governo do Estado como a contribuição no valor de R$ 100,00 por aluno e a entrega do material impresso via correios, não são suficientes para garantir a qualidade de ensino para todos, deixando excluídos 47% dos alunos que não tem acesso a computadores, segundo os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese). De acordo com o MP, a SEEDUC não apresentou nenhum plano para que as aulas através do EAD se tornem dias letivos e o retorno das aulas deve ser debatido entre todos da unidade escolar.
É extremamente necessário que os profissionais de educação defendam uma educação inclusiva para todos, o EAD não é um “puxadinho da escola”, relatar todas as denúncias da comunidade escolar contra um sistema tão excludente, aliada a uma política de segregação e antidemocrática do governo. Não há possibilidade do calendário escolar continuar em condições aonde vidas estão sendo colocadas em risco e a aprendizagem está sendo colocada em segundo plano. Devemos lutar por uma educação pública de qualidade para todos e pela vida.



Thunai Melo é professor de história da rede estadual do Rio de Janeiro e diretor do SEPE São Gonçalo. Ajudou a fundar a Rede Emancipa em  São Gonçalo, onde foi Coordenador das unidades do Porto Novo e do Portão do Rosa.

* Artigo originalmente publicado na Revista do Emancipa RJ que pode ser visualizado no link: As controvérsias do EAD em meio a pandemia e a crise econômica

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