Chico Alencar
1) Justiça desigual no tratamento é injusta: a apreciação do caso Lula pelo TRF "furou a fila" de 7 outros recursos lá apresentados antes do dele - uma celeridade com clara parcialidade;
2) Justiça seletiva não faz justiça: Temer, Alckmin, Aécio, Renan, Jucá e vários outros, também investigados, continuam impávidos (e hipócritas) em funções públicas, pois a apuração de suas falcatruas segue em passos de cágado (em ritmo de "estancamento da sangria" da Lava-Jato);
3) Justiça justa implica em equilíbrio na dosimetria: o caso do apartamento do Guarujá, de resto sem certidão de compra (e "o que não está nos autos não está no mundo"), não tem nexo direto com as reprováveis negociatas na Petrobras, tanto que Moro, na pesada condenação de quase uma década de prisão, menciona "ato de ofício indeterminado" (?!) ao se referir às supostas interferências de Lula na estatal para favorecer a OAS;
4) Julgamento de três magistrados não veda demandas em instâncias mais amplas nem congela a dinâmica da política: qualquer que seja a decisão da turma da 4a Região, caberão recursos e Lula, segundo seu partido, continuará pré-candidato à presidência da República.
O PSOL defende o direito à essa candidatura, sem abrir mão de sua visão crítica sobre os descaminhos da era Lula/Dilma. Teremos candidatura própria à presidência, com nosso projeto para o Brasil. Dialogaremos com todos os que resistem aos retrocessos e aos ataques a direitos duramente conquistados. Reiteramos nosso compromisso com a ética pública, contra a promiscuidade público-privada, em defesa dos interesses das maiorias.
Chico Alencar é professor de História (UFRJ), escritor e deputado federal (PSOL/RJ).
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