quinta-feira, 29 de junho de 2017

A CORRUPÇÃO POLICIAL e o GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA: DUAS FACES DA MESMA MOEDA

Por PH LIMA


A população de São Gonçalo foi surpreendida pela notícia de uma operação policial de repercussão na imprensa nacional que teve como protagonistas PMs do 7° Batalhão (Batalhão de Alcântara). O protagonismo infelizmente, mais uma vez, não é pelo fato dessa instituição cumprir sua função de garantir segurança aos moradores da cidade, ao contrário. As investigações da polícia civil provam uma afirmativa que há muito tempo o movimento negro denuncia no Brasil, no Rio e, em particular, em nossa na cidade: A PM faz parte da estrutura do crime!


“A MAIOR OPERAÇÃO CONTRA CORRUPÇÃO POLICIAL NA HISTÓRIA DO RJ” assim foi chamada pela imprensa a operação “Calabar”, investigação comandada pelo ministério público e pela polícia civil contra a corrupção da PM. Na madrugada de hoje (29/06) cerca de 800 agentes saíram para dar cumprimento a 172 mandados de prisão, 96 deles contra policiais militares. Todos que estão, ou estiveram lotados no 7° Batalhão, entre 2014 e 2016. Mais de 100 mandados de busca e apreensão (inclusive dentro do próprio batalhão da cidade) também estão sendo cumpridos.

A investigação foi iniciada para apurar denúncias sobre recebimento de propina por parte de PMs. Mas ao longo delas constatou-se que os policiais não só recebiam cerca de 1 milhão por mês de propina (arrego) extorquida de criminosos de aproximadamente 50 comunidades (a maioria de São Gonçalo) como também, atuavam como “gerentes do crime”. Escoltavam criminosos, alugavam fuzis do batalhão, davam informações sobre operações policiais... Para eles, quanto maior o lucro dos criminosos, maiores seriam suas propinas. Não atoa os índices violência na cidade dispararam no período investigado. Os PMs não só estimulavam a prática desses crimes, como também os organizavam.


O batalhão do arrego chegava a sequestrar traficantes cobrando mais de R$ 10 mil pelo resgate. Estima-se que: “a venda de favores e cobrança de dinheiro a traficantes rendesse, pelo menos, R$ 350 mil por semana aos PMs que estavam no Grupamento de Ações Táticas (GAT), Patrulha Tático Móvel (PATAMO), Serviço Reservado (P-2), no Destacamento de Policiamento Ostensivo (DPO) e Ocupação (uma espécie de "UPP" de São Gonçalo)”.

Uma das maiores demandas de nossa cidade certamente é a segurança pública. Nós do PSOL sempre dissemos que o caminho para a garantia da segurança passa pelo combate as desigualdades sociais, por políticas públicas para a juventude e pelo combate a todos os tipos de corrupção, seja a praticada pelos políticos (que mata o povo na fila dos hospitais), ou a praticada por policiais/bandidos que deveriam defender o povo, mas que na verdade lucram e administram a própria violência contra a população. Desta forma, parabenizamos o Ministério público e a polícia civil por esta operação e desejamos que ela se aprofunde ainda mais, pois é certo que os mesmos policiais alvos das investigações são parte dos que comandam o extermínio dos jovens negros e pobres de nossa cidade e devem ser duramente punidos.

A forma como esses 96 policiais militares (praticamente um batalhão paralelo) atuavam em São Gonçalo, é mais uma prova de que precisamos rever a estrutura policial como um todo em todo o país. O que permite que criminosos consigam dominar um batalhão de uma cidade? O mesmo batalhão, aliás, que matou a juíza Patrícia Aciole, não por acaso, que combatia as práticas de extermínio orquestradas pela PM na cidade. O batalhão do extermínio, do "auto de resistência", é o também o batalhão da corrupção! Não é coincidência. Onde existe corrupção, existe genocídio! Ambos mantém uma relação direta, complementar e são praticados pelos mesmos agentes e instituições. 

Por essa razão, apesar de ser de extrema importância operações como a de hoje, elas não são suficiente para acabar com a corrupção ou extermínio praticados pela PM. Pois essa instituição tem dentro de suas estruturas gerais o germe da corrupção e o genocídio. Faz parte de sua coluna vertebral, de sua história. 

Como foi demonstrado nas investigações, não estamos falando de ações individuais de um ou outro policial militar, mas sim de parte significativa de todo um batalhão. Representa a instituição. Em todos os batalhões da PM é certo que, em maior ou menor grau, práticas como essa fazem parte da rotina cotidiana. Rotina que inclusive fora narrada nos cinemas do mundo inteiro pelos filmes Tropa de Elite I e II. 

Estamos diante de uma estrutura e um sistema criminoso protegido por uma rígida hierarquia militar que o fortalece e impede muitas vezes, que os próprios policiais possam questionar ou denunciar tais crimes quando praticados pelos seus superiores. É preciso entender que fatos como esses são potencializados pela militarização das policiais. Que a sociedade civil não pode ficar refém de uma polícia MILITAR que se organiza para lidar com o cidadão (quando negro e pobre) como se este fosse um inimigo de guerra e submisso a seu poder e suas ordens. A ideia de servir a população é uma falácia dentro das favelas e periferias.


A PM fede. É o que existe de mais podre dentro de nossa sociedade. Uma instituição que inclusive persegue seus “bons” policiais (aqueles que se negam a seguir o roteiro ilegal e imoral). Você acredita que nenhum desses “bons” policiais tinham conhecimento da propina que era entregue dentro do próprio batalhão a esses bandidos de farda? Assim como sabiam de disso, sabem de outros esquemas de corrupção e de extermínio. Mas então, se são "bons", o que lhes impede de denunciar essas práticas criminosas? O que lhes obriga a serem coniventes com bandidos de farda? A hierarquia militar! Ou seja, defendemos a Desmilitarização da PM não só por ser um interesse fundamental da sociedade civil, mas também para proteger o próprio policial, para que não seja vítima dessa estrutura criminosa! Exigir o fim da PM é a luta pela vida dos jovens negros e pobres que são exterminados nas periferias. Mas também é a luta por uma polícia que tenha mínimas condições de auto organização sindical. Que garanta aos policiais o direito básico e fundamental de lutarem por seus próprios direitos, entre eles, o direito de não serem cúmplices de bandidos de farda que estejam “hierarquicamente” acima mas aterrorizando a população! O Fim da PM é o fim putrificação da segurança pública, sem isso e sem a efetivação de políticas públicas de combate a desigualdade social em todos os níveis, mas em particular no âmbito municipal, valorizando a cultura, o esporte e dando emprego e dignidade a juventude, nunca resolveremos nenhum dos problemas da violência seja em São Gonçalo ou em qualquer parte do Brasil. O que essa operação nos revela sobretudo, é que a equação “mais polícia, mais segurança” só pode funcionar se a sociedade tiver o controle sobre essa polícia, ou seja, se ela não for militar. No nosso caso, da forma como estava estruturada essa quadrilha fardada, ter mais efetivo basicamente era ter mais braços, não para defender a população, mas sim para aterroriza-la.









 PH LIMA, 28 anos, Mc e milita nas causas raciais. Estudante de Direito. Coordenador e Educador Popular da Rede Emancipa. Diretor de comunicação do Diretório Municipal do PSOL de São Gonçalo- RJ..



terça-feira, 13 de junho de 2017

O PLANO ESPÚRIO DE SOBREVIVÊNCIA DE TEMER!

Deputado Federal Chico Alencar
O PMDB é escolado em poder, do qual vive. Por isso o governo Temer tem um projeto imediato: sobreviver, se autoproteger, e eliminar tudo o que pode atrapalhar sua permanência nos Palácios do Planalto, Jaburu e na Esplanada dos Ministérios.
As sujeiras em todos esses espaços não cessam de aparecer.Empresa de negócios público-privados, o PMDB, à luz do sol, faz a política do “mercado total”, prometendo entregar já as mal chamadas “reformas para atrair investimentos” (tradução: retirada de direitos, leniência com a corrupção estrutural e louvor ao lucro como único valor).
Nas sombras, opera para cumprir o objetivo de “estancar a sangria” da Lava Jato e de qualquer investigação que exponha  os crimes de colarinho branco.
A vitória no TSE, onde um processo foi rejeitado por excesso de provas (!), deu a senha para a “fuga para a frente” que se aprofundará agora:
1) constranger o relator da Lava Jato, o ministro Fachin, para o que não se descarta sequer o uso da ABIN para fazer espionagem, a la ditadura;
2) desqualificar Janot, o Procurador Geral da República, até o fim de seu mandato, em setembro, quando se colocará na PGR alguém “inofensivo”;
3) mudar a cúpula da PF e controlar suas atividades, em benefício do governo e seus aliados;
4) pressão sobre empresas que fizeram delação premiada, não por amor à ética e à transparência, mas como vingança e desestímulo a outras que possam querer colaborar com a Justiça, revelando seus esquemas corruptos.
Esse plano sinistro terá, por parte do PSOL, a mais firme postura de denúncia, combate e rejeição. Em palavras, iniciativas  e votos. Mas só o repúdio organizado da população nos dará forças  para a luta no Congresso Nacional.
Fora Temer, não ao seu plano sinistro, Diretas Já!
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Originalmente publicado no Facebook  no perfil do autor em 11 de Junho de 2017
Francisco Rodrigues de Alencar Filho, conhecido como Chico Alencar, 67 anos, é professor de história e deputado federal pelo PSOL-RJ.