por André Tamandaré &
Prof. Josemar Carvalho
|
Mobilização do ACS no dia 04 de abril |
Desde as jornadas de junho de 2013, o Brasil entrou no cenário de efervescência política. As mobilizações estão demonstrando que a
população não aceita passivamente o descaso.
Aqui em São Gonçalo não é diferente, na última semana, tivemos duas
greves que tomaram as ruas de São Gonçalo: a dos Profissionais de Educação e a dos
Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
Neste texto, analisaremos as condições que levaram a greve dos agentes
comunitários, bem como o descaso do governo de Neilton Mulim com a saúde pública de
São Gonçalo.
A importância social do Agente Comunitário de
Saúde
e as condições que levaram à greve
|
Prof. Josemar ao lado
de Francisco Villela Presidente do SINACS
no ato |
Os
Agentes Comunitários de Saúde são a porta de entrada dos menos favorecidos às esferas do SUS. Exames,
consultas, medicações, acompanhamento familiar e orientação à saúde são algumas
tarefas cotidianas dos ACS’s.
Numa cidade com uma saúde pública precária, os agentes comunitários de saúde tem importância estratégica no combate a epidemias e vetores que podem se
propagar. Infelizmente, a gestão de Mulim, assim como os dois mandatos anteriores de
Aparecida Panisset, tratam com descaso estes trabalhadores.
As
condições dos postos de saúde são muito precárias. A falta de médicos, enfermeiros, técnicos em
enfermagem e medicamentos, revelam o descaso do poder público municipal. Cabe destacar que por incompetência da Secretaria Municipal de Saúde, o Programa
Saúde da Família não cobre toda a cidade.
Os
Agentes Comunitários de Saúde são desvalorizados pela Prefeitura. Exemplos do descaso não faltam. Baixo salário
incompatível com as portarias do Ministério da Saúde é uma triste realidade. A
falta de compromisso da gestão na realização dos recolhimentos das custas
sociais, é uma vergonha para um governo que se diz republicano. O atraso do FGTS, do INSS
e inclusive na falta de informação da RAIZ coloca os trabalhadores numa
situação desconfortável.
O loteamento de Postos de Saúde para parlamentares da cidade, em troca de
apoio político nos projetos que pouco beneficiam a população, também é uma vergonha
da gestão de Neilton Mulim. Isto leva a uma má gestão, também produz o assédio moral nos postos de saúde.
Enquanto isto, o governo de Neilton Mulin gasta
R$ 500 mil em 740 placas de bronze
|
Charge retirada do jornal Extra 27/03/2014 - denunciando as placas de Mulim |
Em meio a
crise de gestão que passa a cidade de São Gonçalo, com forte questionamentos devido
ao aumento das passagens, a falta de obras nas comunidades e a ausência de perspectiva
de reajuste salarial, o governo de Mulim compra 740 placas de bronze para inauguração
de postos de saúde.
Até onde
sabemos não existem nem 5 postos de saúde sendo construídos na cidade, que hoje
tem 67. Para onde vão as placas?
Uma
observação bem pertinente: para
utilizar todas as 740 placas seria necessário inaugurar uma unidade a cada três
dias por mais de um ano.
A greve dos Agentes Comunitários de Saúde é emergente no sentido de
chamar a população e os outros seguimentos para uma luta em que no fim, a
conquista será coletiva como deve ser.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Josemar Carvalho, 38 anos, professor universitário e da rede pública de ensino. Presidente do Diretório Municipal do PSOL de São Gonçalo- RJ.
André Tamandaré de
Lima, 35 anos, Agente Comunitário de Saúde. Diretor de Comunicação do Sindicato
dos Agentes Comunitários do Estado do Rio de Janeiro - SINACS - RJ.