quarta-feira, 22 de abril de 2020

150 anos do nascimento de Lenin: muito criticado e pouco estudado...


Prof. Josemar Carvalho

Longe de destrinchar na minúcia o pensamento leninista da qual somos filiados. Gostaria de nesta pequena nota apresentar um dos maiores revolucionários da história da humanidade.
Passados 150 anos do seu nascimento, a sua maior contribuição militante, o Estado Operário Soviético instalado pela revolução socialista não existe mais. Foi destruído após um longo processo de burocratização do período stalinista.  Mesmo pouco lido nos meios intelectuais e acadêmicos, Lenin foi o maior marxista do Século XX.
Construiu o primeiro Estado Operário do Planeta, que levou a 1/3 da humanidade a viver por fora do sistema capitalista. Influenciou todo o pensamento marxista posterior. O processo russo trouxe várias lições para humanidade e para os trabalhadores. O modelo de partido lenista até hoje inspira a vanguarda da esquerda mundial. Em toda a sua obra, Lenin traz como fundamental, a questão da organização revolucionária, do regime de partido e de poder da classe trabalhadora.
Nascido em Simbirsk, Vladimir Ilyich Ulyanov (nome verdadeiro de Lenin) era família de classe média e começou a sua militância após o assassinato do seu irmão em 1887. Formou-se em Direito. Se tornou um importante dirigente do Partido Operário Social Democrata Russo (POSDR). Em 1903, fui fundamental na construção da corrente bolchevique. Em 1905 liderou o que chamamos de ensaio geral que acumulou para o amadurecimento da revolução socialista de 1917. Em 1914, exilado na Galícia, apresentou uma posição independente frente a guerra imperialista que iniciava. E em 1917, tornou o principal dirigente da revolução.
Sua morte em 1924 e ascensão de Stalin intensificaram o processo de burocratização num momento de descenso da classe trabalhadora a nível mundial.
Para contribuir na formação dos visitantes de blog listo alguns escritos importantes de Lenin:

1) “O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia” (1899), livro que levou 3 anos para ser escrito e traz importantes sobre as condições econômicas do seu país;

2) “Que Fazer (1902) é um livro de polêmica com Bernstein sobre o revisionismo marxista. É deste livro a famosa frase “Sem teoria revolucionária não pode haver também movimento revolucionário”. Coloca a práxis (teoria + prática) como parte fundamental da teoria leninista;

3) “Um Passo a Frente, Dois Passos Atrás” (1904), trava uma polemica com Julius Martov sobre o papel do partido;

4) “Duas Táticas da Social-Democracia na Revolução Democrática” (1905) tem como central a discussão sobre tática e estratégia;

5) “Materialismo e Empiriocriticismo” (1909), em seis capítulos é um livro de filosofia marxista;

6)  As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo (1913), é um pequeno texto que destrincha o pensamento marxista; 

7) “Imperialismo, fase superior do capitalismo” (1916), um clássico pois discute a questão dos monopólios e a reorganização da economia capitalista de forma planetária. O papel da financeirização, dos trustes e carteis;

8)     “As Teses de Abril” (abril de 1917), é um chamado ao processo revolucionário, analisa que a Primeira Guerra Mundial era uma "guerra burguesa do capitalismo" e necessidade do governo provisório dos mencheviques de romper com a burguesia. Neste livro que traz a palavra de ordem: "Paz,Terra e Pão". Uma palavra que sintetiza os anseios do povo: a saída da guerra, terra aos camponeses e comida para o povo pobre e trabalhador que vivia nas cidades;

9)     “O Estado e a Revolução” (1917), um livro escrito as vésperas da revolução socialista na Russia em polemica com os anarquistas discute o papel do Estado;

10)  Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo (1920), é critica ao que hoje chamamos de “ultraesquerdismo” expressa nos comunistas alemães e ingleses. Um bom livro para compreender e entender as diversas fases de uma luta politica.

A ideia deste artigo é apresentar o pensamento leninista como um guia revolucionário para ação. Na era de internet onde a leitura de clássicos é cada vez mais escassa, pois a dispersão teórica e politica é muito grande. Ler Lenin nesta quarentena de Coronavirus é uma boa pedida, pois nos instrumentaliza para luta politica cotidiana que nos coloca a estratégia socialista no nosso horizonte.  





Josemar Carvalho, 44 anos, professor universitário e da rede pública de ensino. Coordenador e Educador Popular da Rede Emancipa. Membro do Diretório Nacional e Estadual do PSOL.

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