O texto que segue abaixo foi publicado originalmente no dia 24 de novembro no Facebook pelo seu autor, o companheiro Roberto Robaina(*), e amplamente difundido nas redes sociais. Com redação simples expressa uma posição distinta da maioria da esquerda brasileira.
Prenuncia fatos e eventos que se mostraram verdadeiros na sequência. Quando o foi escrito não havia a delação do lobista Claudio Mello Filho da Odebrecht, o que revela ainda mais a acertiva do texto.
Aqui em São Gonçalo, o texto teve grande repercussão nas mídias sociais. Um blog de grande circulação no município fez uma breve noticia e incluiu suas posições. Vários ativistas dos movimentos sociais, independente de coloração partidária, reproduziram a rápida brochura.
A maioria da militância do PSOL São Gonçalo possui afinidade com as posições do texto, inclusive na ultima plenária do partido no município no último dia 27 de novembro, esta foi a posição da maioria dos presentes no evento.
Reproduzimos o texto, como parte do debate que a esquerda precisa fazer sobre o período.
Lava Jato e o desafio da esquerda!
A
Lava Jato é uma operação dirigida por uma força tarefa do poder judiciário. Num
estado burguês e oligarca, é lógico que o poder
judiciário tem este mesmo caráter e reproduz e amplia esta natureza. Mas o
estado burguês não é sempre igual. E as forças no seu interior tampouco.
Desde 1988, com redemocratização,
ganhou fôlego a renovação dos juízes e entrou em cena a maior capacidade
investigativa do Ministério Público. E a luta de classes também incide. Foi em
2013, por exemplo, na esteira do levante juvenil e popular, que se estabeleceu
o instituto da Delação Premiada. Foi um mecanismo útil. Sem este instituto, não
seria possível que grandes capitalistas como Marcelo Odebrecht fossem parar
atrás das grades. Nem muito menos que a máfia do PMDB do Rio de Janeiro tenha
sido duramente golpeada, com o ex-governador Cabral recolhido no presídio em
Bangu.
É claro que a mídia e as forças
políticas burguesas sempre tentaram explorar a Lava Jato para enfraquecer e
derrotar apenas ao PT, depois que decidiram se livrar do partido de Lula. Mas
não é menos claro que a Lava Jato não foi parada. A prisão de Cabral e o pânico
do Congresso Nacional com a Delação da Odebrecht provam isso. E o mais incrível
é que a operação seguiu não apenas enfrentando o boicote do governo Temer e da
maioria esmagadora do Congresso Nacional, mas também com boa parte das forças
que se reivindicam da esquerda socialista fazendo propaganda contra a Lava
Jato.
Em suma, trabalhando na prática contra
a continuidade da operação. Se apóiam no fato certo e obvio para quem é
marxista: o poder judiciário num estado burguês cumpre um papel reacionário e
não pode oferecer uma saída progressista para a crise nacional. E o óbvio
precisa ser dito. Esquecem porém que nem tudo é branco e preto apenas.
Basta ver que um dos mais ativos
militantes contra a Lava Jato é o todo poderoso Ministro Gilmar Mendes. De que
lado esta os setores mais oligarcas e reacionários do Judiciário brasileiro? O
fim da Lava Jato é uma demanda do governo Temer para estabilizar sua dominação.
A esquerda que está contra a Lava Jato
apenas enfia a cabeça na impotência. Neste vazio é que cresce uma extrema
direita. Esta sim quer liquidar os espaços democráticos e usa a Lava Jato para
estimular a ideia de que todos são iguais e que a saída é a força moral que eles
dizem representar.
A melhor resposta que a nova esquerda
deve dar é a defesa da Lava Jato até o final. Até esta extrema direita seria
desmascarada. É claro que não nos iludimos que a força tarefa tenha capacidade
de fazer o que deve ser feito. Mas o que não pode é aparecer que a esquerda
socialista tem o que temer com a investigação até o final ou que não se importa
com a corrupção, tão corretamente odiada pelo povo brasileiro.
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