por Prof. Josemar Carvalho
Todo
final de ano, na nossa vida pessoal fazemos reflexões sobre os avanços e as
dificuldades que tivemos ao longo do período. Na politica também é assim.
O
ano de 2015 é, considerado por muitos, o ano II - pós-jornadas de junho. As
mobilizações de junho de 2013 foram um marco na luta politica de nosso país.
Abriu um novo cenário onde a hegemonia petista foi superada como principal
representação dos movimentos sociais combativos.
As
ruas viraram palco de ação de politica. As cores e as formas politicas ganharam
novo conteúdo. A crítica passou a ser mais presente no cotidiano popular. A
politica a ser mais abordada no dia a dia.
Contrariando
aqueles que acreditam numa “ofensiva conservadora”, o ano começou quente. Os
trabalhadores iniciaram suas lutas antes mesmo do Carnaval. Os operários do
COMPERJ em fevereiro fecharam a Ponte Rio-Niterói num dos atos mais memoráveis
da história politica de nosso Estado (foto acima). Os garis, os bancários e o funcionalismo
seguiram dando a batuta das lutas sindicais.
A
juventude também seguiu seu protagonismo. A ocupação de 230 de escolas feitas pelos secundaristas de São Paulo contra
o projeto do Governador Alckmin (PSDB) que previa fechamento de unidades escolares, revela que
os jovens não estão passivos. A mobilização dos jovens das periferias é outro
fato. A ocupação da UERJ dos campi Maracanã e São Gonçalo são exemplos a serem
seguidos.
As
mulheres também aumentaram auto-organização. O enfrentamento contra Eduardo
Cunha mostrou o que o machismo não será mais tolerado. A representação feminina
na politica só tende aumentar como parte de um fenômeno positivo imposto a
realidade.
A
luta contra a homofobia avança. As denuncias são mais recorrentes, abrindo
espaços para as lutas dos LGBTI’s. A exigência por politicas públicas, a
possibilidade de casamento homoafetivo e luta pela identidade de gênero são
pautas reais e concretas.
No
campo econômico a crise se acentuou trazendo a construção de planos de ajuste
mais nocivos à classe trabalhadora. Os cortes nas politicas sociais, nas obras
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), na saúde e na educação são
consequências desta lógica. As novas regras no financiamento habitacional e
Medidas Provisórias 664 e 665[1] e a PL 4330 das
terceirizações revelam na pratica o que estamos dizendo. O PT virou algoz do
seu próprio discurso. O estelionato eleitoral ficou visível. Caiu ainda mais a
mascara para junto com PMDB e PSDB defender retirada de direitos dos
trabalhadores.
O
escândalo da Petrobras foi mais um ponto a alimentar o caldo de crise politica
que o país vive. Nunca vimos antes na história de nosso país se prender tanto
politico, chegando ao ápice de Senador de mandato ser preso. Os esquemas de
promiscuidade, construído na ditadura militar (que continuou nos governos
posteriores) entre as grandes empresas e o Estado começa a ser revelado.
É
neste marco que aconteceram as mobilizações de Março, de Agosto e Dezembro
contra a Presidente Dilma, bem como os atos organizados pelos seus aliados
governistas. Partidários da Frente governista buscam construir uma argumentação
cega na defesa de um governo que apodrece, por lado a oposição de direita faz
uma “critica seletiva”, ignorando o ataque aos trabalhadores e a corrupção de
seus aliados. Um dado para reflexão é que os dois lados foram para ruas e
usaram as redes sociais para expressar suas ideias, revelando uma nova forma de
se fazer politica.
A
desconfiança legitima da população contra um impeachment casuísta de Eduardo
Cunha é um dado da realidade que não podemos ignorar. Os índices de rejeição da
mandatária do Executivo são altíssimos, demostrando a falta de apoio popular. Por
lado o povo pobre e trabalhador não acredita num processo politico encabeçado
por um deputado que todo dia se envolve num novo escândalo. Esta simples
contradição explica a diminuição do número de pessoas nas ruas.
A
crise fiscal dos Estados assola o país. A perda de representatividade desmonta
a estrutura de poder em vários níveis. Setores do funcionalismo público foram às
ruas para garantir os seus direitos. A greve das universidades públicas no
primeiro semestre foi um ponto de combatividade. O funcionalismo gaúcho em
outubro mostrou o caminho, quando se colocou contra os ataques do governo de
Ivo Sartori (PMDB). A greve dos servidores no Paraná contra o governo de Beto
Richa (PSDB) não pode ser esquecida.
Aqui
no Rio de Janeiro, o caos já está instalado. A crise na saúde e o parcelamento
do 13º salario dos servidores é uma vergonha incomensurável, expondo o descaso
do Governador Luiz Fernando Pezão com maioria da população. A tendência é que
ocorra uma greve do funcionalismo no primeiro semestre de 2016.
A
conjuntura acirrada e velocidade dos fenômenos e nos leva a afirmar que a
imprevisibilidade é única certeza que temos na politica brasileira.
Numa
conjuntura dinâmica e imprevisível, um dos desafios centrais para o próximo
período é unificar os lutadores sociais na construção de um terceiro campo
politico social.
A
necessidade de reorganizar dos lutadores é um elemento fundamental pois
potencializará novas possibilidades e construção de alternativas. Neste palco
todos que queiram lutar por um programa mínimo de ação que seja ancorada na
mobilização permanente e que tenha como base a defesa dos direitos dos trabalhadores
e da juventude. Queremos construir um polo politico que se oponha a retirada de
direitos dos trabalhadores e da juventude.
A
Frente Povo Sem Medo, que tem como principal impulsionador o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), é um espaço
importante para aglutinar os lutadores, pode se constituir num polo alternativo
de reflexão e a ação.
Um
segundo aspecto é dar significado classista as lutas sociais que acontecem no
país. Fundir o conceito de lutas de classes as demais contradições capitalistas
é fundamental para politizarmos os enfrentamentos dando estes um sentido
histórico. Unificar as lutas espontâneas e isoladas a um projeto global de
sociedade e de luta anti-regime é fundamental.
Apresentar
uma saída nacional no quadro de crise institucional de poder independente dos
partidos da burguesia e do PT é terceiro desafio que temos. A companheira
Luciana Genro apresentou ao debate a proposta, que temos acordo, de eleições
gerais em 2016. Longe de ser uma proposta conclusiva, abre o debate na
sociedade sobre os rumos do país.
A
quarta questão que sinalizamos para 2016 é construção de um polo politico e
social também nas eleições. Apresentar candidaturas classistas, antenadas com
reivindicações reais dos trabalhadores, é fundamental. A juventude é um polo dinâmico
que sempre deve estar representado. Devemos inovar no cenário politico,
trazendo candidaturas que debatam luta pelo meio ambiente, a igualdade de
gênero, de etnia. Temos que buscar interagir com os movimentos sociais no
debate eleitoral.
Devemos
ter um programa que radicalize na forma e no conteúdo. A gestão participativa
deve ser ponto central de nosso programa. A luta contra a especulação
imobiliária e contra o monopólio dos transportes deve ser ponto central nas
cidades metropolitanas. A crise da saúde e da educação deve respondida com o
aumento de numero de verbas para os setores. A denúncia ao PT, ao PSDB, ao PP e
ao PMDB deve ser ponto central de nossas propagandas.
Acreditamos
que ano de 2015 foi de muita efervescência para a luta política em nosso país. 2016
tem a certeza que avançaremos ainda mais!!!
Feliz
2016!!! Seguiremos juntos na luta!!!
[1] A
medida provisória 664 reduz direitos o prazo para o seguro desemprego, o
governo conseguiu maioria no congresso por 252 a 227. Já 665, trata de retirada
de direito previdenciários.
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Josemar
Carvalho, 40 anos, 1º Suplente de Deputado Estadual do PSOL-RJ, professor universitário e da rede pública de ensino.
Presidente do Diretório Municipal do PSOL de São Gonçalo- RJ.
ELEIÇÕES GERAIS,SEM REFORMA POLÍTICAS,COMO A NÃO OBRIGAÇÃO DO VOTO,SEM UMA AMPLA REFORMA DAS LEIS JUDICIAS,LEIS ESTADUAIS E MUNICIPAIS;SERIA AO MEU VER MAIS DO MESMO.
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