por Jorge Santana
Há 114 anos, a cidade do Rio de Janeiro foi sacudida por uma rebelião na baía de Guanabara, a Revolta da Chibata. O caos tomou conta da capital da república quando marinheiros tomaram os dois mais potentes navios da Marinha e ameaçavam bombardear a cidade se suas reivindicações não fossem atendidas. Eram mais de dois mil marinheiros pobres, quase todos não brancos e subalternos.
A Revolta da Chibata, em 1910, desafiou a hierarquia militar
da Marinha do Brasil, os praças reivindicavam o fim dos castigos físicos,
melhores condições de trabalho, aumento do soldo, direito a voto e ao
casamento. O líder deles era João Cândido, um marinheiro negro, corajoso e
destemido. Contudo, é importante assinalar que os marinheiros não tinham
sindicato. Durante a tomada dos navios dois oficiais foram mortos. O governo
federal aceitou o fim das punições físicas e a anistia dos rebeldes. Ao
baixarem as armas ocorreu à caça às bruxas e a grande maioria dos revoltosos
foram presos, expulsos da Marinha e outros assassinados sumariamente.